Inaldo Tenório de Moura Cavalcante e o livro História de Esquecimento

A História de esquecimento de Inaldo Tenório de Moura Cavalcante nos leva por caminhos vividos em momentos de perda, e os sentimentos são mastigados até a exaustão registrando com isso, a ausência. Porque para esquecer é preciso ter vivido.
Algumas narrativas são tão tristes que é um alívio esquecer, por outro lado, como esquecer aquilo que sangrou tanto? Como esquecer o pai, que amou e criou? Esquecer a filha que não veio? O Garoto que não cresceu?
O narrador é quase invisível ao descrever as angustias diárias de seus personagens, que são gente simples e os acontecimentos corriqueiros, mas refletem a dor do não contornável, do que não se pode mudar, e que será fatalmente fadados ao esquecimento.
E não existe uma saída, e nem precisa, pois o que o autor propõe é viver primeiro, como em o “Encarcerado”, depois é ver o que o leitor diz, ou como a vida segue.
O livro História de Esquecimento é para que não nos esqueçamos de quem somos de onde viemos e para onde vamos.
Inaldo é mestre na simplicidade, meticuloso na construção de seus personagens e especialista no humanismo de suas narrativas.

Comentário sobre “EU”
O conto EU traz a tona casais corriqueiros, que vivem décadas juntos e de repente descobre-se que existe mais lá fora, e que não conseguem mais sair à busca do “novo” junto. Ora porque cansaram e sair da zona de conforto não interessa mais. Ora porque perderam a vontade de estarem realmente juntos.
Que existe mais lá fora, todos sabem, então quem quiser que vá.
Assim sendo não era mais “Nós” e sim “Eu” simplesmente.
Quem terá a coragem de mudar e assumir a nova situação? A grande sacada do autor está em deixar a iniciativa para a mulher, que mesmo insegura propõe a mudança. Porque em geral poucos homens assumem essa responsabilidade, a da separação. Os homens preferem viver a hipocrisia de um casamento duradouro, buscando para si um alívio de suas frustrações noutras camas, do que assumir o término de uma relação, que teve seus momentos, mas desgastou.
O quadro, a pintura, é um pequeno detalhe no texto, mas que faz toda a diferença na conclusão da narrativa. O Homem, que tinha levado o quadro, enfim se apercebeu da importância do quadro, devolvendo, e da pessoa na mulher.
“EU” é uma oportunidade simples, de rever conceitos arcaicos.





O livro História de Esquecimento tem seu lançamento em Recife

Local  Memorial de Medicina de Pernambuco
Dia 08/10/ 2016 (sábado)
Hora 16:00

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