A RATA E O DRAGÃO
Certa vez, quando os bichos falavam um idioma compreendido na terra dos homens, havia um dragão enorme que protegia um pequeno povoado de toda sorte de perigos. Ele era valoroso e gentil, e em troca o povo lhe retribuía com todas suas vontades satisfeitas. É claro que por vezes o mesmo também era egoísta e intransigente, como a maior parte dos poderosos porém era sempre perdoado e em geral era quando aparecia um malvado, querendo escravizar a vila
-Já estamos acostumados com o nosso amo e senhor de estimação. Diziam os mais velhos da região.
Mesmo um dragão tem sentimentos e Sua Excelência, o Dragão Pintado, era particularmente sensível. Impertinências à parte, o dragão vivia comovido, pela reverência do seu povo e cada dia, se sentia mais responsável por aquelas pessoas, percebia-os pequenos e frágeis.
Bem, nenhuma história é perfeita, ou não havia história.. Por isso temos de falar do João Rapagão, inimigo do dragão!O falador canastrão...Risos
O João Rapagão nascera naquele povoado, já ninguém se lembrava quando, pois toda a gente preferia lembrar-se como!
-O João Rapagão não nascera, aparecera simplesmente no povoado.
Era dia de feira.
Às quartas feiras, para quebrar a monotonia das semanas em que não havia ameaças à aldeia, achava interessante este detalhe, este devia ser o dia de folga de todos malfeitores, então os habitantes vinham ao terreiro trazer o que produziam, vender, trocar, fazer festa, dançar e etc.
Muita gente de longe convergia para o povoado. Essencialmente por causa de... etc.
Foi numa quarta feira discreta, ao final do dia, que toda a gente deu por ele, plantado no fontanário público, meio sentado meio deitado, impossível de ignorar, esquecido de se ir embora, gritando a todos que sempre ali vivera.
-Sou o maior matador de dragões de todas as terras!
-Impertinente! Diziam os demais ouvintes indignados
Sim, pois ninguém nunca se dera conta da existência de tal sujeito. E foi justamente neste dia que todos se aperceberam de Rapagão.
- Um atrevido isso sim! Diziam as senhoras de boa família.
Mas, voltemos ao nosso protetor e guardião. Ele andava triste e cabisbaixo.
Hoje era dia da feira e este sempre vinha para se exibir a todos, fazendo demonstrações com seu fogo.
-Que será que houve? O dragão não estava lá no lugar de costume, a observar o burburinho, como era de seu costume.
-Será que está doente?! Especulavam todos.
É verdade que ele andou enrabichado por uma bela dragoa que andou por aqui, quando esta vinha de passeio do norte. Eles conheceram-se por um destes acasos da vida. Ela machucara uma asa e teve de pousar, obrigatoriamente, no vilarejo. Foi um alarido só. Num primeiro momento ficamos preocupados, pensamos que era o nosso protetor que havia sido ferido. Ela era igualzinha a ele em tudo. Porém com atenção e cuidado sua asa melhorou e ela parecia nem lembrar mais que estava indo para algum lugar. Aí, ficamos preocupados de novo.
O nosso vilarejo é pobre sabe. Dar de comer para um dragão ainda suportamos, mas a dois! A coisa ficava complicada.
E foi com grande alegria que um dia a vimos bater suas asas em direção ao norte, ela retornava para seu lugar de origem.
-Deve ser saudades da dragoa. Especulavam.
-Deixemos nosso dragão querido em paz então, que logo isso passa. Concordaram todos.
Mas os dias passavam e ele não vinha, nem pegar sua comida! Estava muito estranho.
Rapagão o moço exibido, tinha um bicho de estimação que carregava no ombro. Um camundongo, imaginem só! Coisa incomum, pois é. O diabo da ratinha não falava com ninguém, só com rapagão. Isso era o que dizia ele, o que nos fazia pensar que não era verdade.
Um dia estava o moço se pavoneando para uma jovem na vila, quando um dos anciões o manda chamar, e pede-lhe em publico que leve a comida do dragão.
O rapaz se prontifica logo, na esperança de impressionar a linda moça que o acompanhava e se vai, carregado de comida para o topo da montanha.
- Que massada isso!
Cansado pela subida, o moço se para a porta da caverna do dragão, e espera para tomar folego.
Quando de repente ele sente o bafo quente atrás do pescoço. Toma um verdadeiro susto, levanta-se num repente. O Dragão está lá com os olhos injetados de fogo a fixar-se nele. Apavorado o rapaz não consegue pensar em nada melhor que correr, e correr muito!
Na carreira desembestada morro abaixo, João nem se deu conta que, deixou cair seu camundongo ao levantar-se.
Chegando a vila Rapagão avisa todos que o dragão está louco de raiva e vai matar a todos. Ficamos preocupadíssimos, claro. Com podia ser isso!?
Baixaram a ordem para que todos se refugiarem em suas casas imediatamente, deixassem comida e bebida suficiente para os dias de reclusão, até saberem ao certo o que se passava com o dragão.
Na caverna o dragão estava desesperado de dor. Era horrível aquilo. Nem sabia mais o que fazer, não dormia, nem comia há dias.
-Com licença. Uma voz feminina falou.
-Que foi? Onde estás? Diz o dragão olhando em volta sem conseguir ver nada.
-Estás com um espinho enterrado no pescoço amigo. Posso tirar, se quiser.
-Por favor. Respondeu o dragão.
-Acho que é isso que está me matando.
-Fique calmo e não se mexa, por favor. Vou tentar.
Sem pensar duas vezes a ratinha pega aquela enorme farpa e puxa com toda força que pode.
E vai sussurrando ao ouvido do dragão.
-Só mais um pouco amigo, só mais um pouco.
E tenta de novo e de novo. Enquanto o dragão vomitava fogo pelas ventas e boca clareando a escuridão da caverna. A situação era tão calamitosa que até os morcegos que ali viviam, evaporaram-se logo, e do povoado todos escutam seus grunhidos apavorados.
Afinal não tinha sido a dragoa a provocar-lhe tão grande dor, mas sim um espinho no pescoço, ainda por cima retirado por uma ratinha!
Quando odragão voltou ao povoado vinha enraivecido, como tinham sido capazes de o deixar a sofrer sozinho sem nenhum se atrever a tentar salvá-lo?! São estranhos os seres humanos, se puderem esquecem-se de quem veneram, não ajudam quem mais sofre e ficam felizes por não padecerem dos mesmos males!
Ainda por cima os dias que ficara a gemer não lhe permitiram arrumar o lar onde vivia, que se tinha infestado de pulgas, de modo que o seu bonito corpo de dragão luzidio estava cravejado de mordidelas de pulgas. Detesto pulgas, porque não vão elas apenas para os homens e deixam os bichos em paz?
Quando o dragão pousou no lugar de costume. Chamou a todos os residentes da aldeia e contou o que havia se passado.
- Quando ouvi aquela voz, vindo não sei de onde, pensei que estar morrendo mesmo.
Eu desmaiei de tanta dor. Quando acordei me sentia cansado ainda, porém a dor havia passado. A única coisa que pensava era em comer. Foi quando eu vi um ratinho pequeno, dormindo sobre mim. Nem pensei muito, peguei e ia levando a boca quando:
-Com que então eu te salvo, e tu me comes em agradecimento!
Fez-se um silencio onde eu imediatamente a larguei com toda a delicadeza possível a um dragão desajeitado.
-Peço desculpas pequena ratinha. Então foi você a me salvar da morte?
-Acha que podemos conviver sem eu correr o risco de ser devorada por você grandalhão?
Ambos ficaram se mirando nos olhos por alguns momentos até que caíram na gargalhada.
-Vou tentar. Respondeu ele.
O dragão pegou a ratinha e a colocou no dorso.
-Segure-se, vamos voar.
A ratinha se sente humilde naquela imensidão toda. Lagrimas de emoção escorrem de seus olhos. Nunca vira paisagem mais exuberante. E quando pousaram, ele percebe a pequena sem palavras.
-Nunca voaste, ficou com medo? Gostou?
-Sim, nunca voei, e foi maravilhoso. Fico imensamente grata.
O povoado voltou à normalidade, e Rapagão perdeu sua ratinha, o moço "valente" havia ficado com tanto medo naquela noite que, só percebera no dia seguinte a sua ausência. Quando a viu com o dragão e soube que tinha sido sua salvadora, ficou orgulhoso dela.
E foi assim... Que aquele dragão enorme e uma ratinha insignificante se conheceram. Estes eram de mundos diverso, duas cabeças, duas almas que por alguma razão, queriam muito se conhecer, saber de tudo um do outro.
Ambos não entendiam direito, mas estavam ligados pela curiosidade ou pela vontade... Vai saber...
Guerreira/ Lena e PaulaJ
Imagem Net
-Já estamos acostumados com o nosso amo e senhor de estimação. Diziam os mais velhos da região.
Mesmo um dragão tem sentimentos e Sua Excelência, o Dragão Pintado, era particularmente sensível. Impertinências à parte, o dragão vivia comovido, pela reverência do seu povo e cada dia, se sentia mais responsável por aquelas pessoas, percebia-os pequenos e frágeis.
Bem, nenhuma história é perfeita, ou não havia história.. Por isso temos de falar do João Rapagão, inimigo do dragão!O falador canastrão...Risos
O João Rapagão nascera naquele povoado, já ninguém se lembrava quando, pois toda a gente preferia lembrar-se como!
-O João Rapagão não nascera, aparecera simplesmente no povoado.
Era dia de feira.
Às quartas feiras, para quebrar a monotonia das semanas em que não havia ameaças à aldeia, achava interessante este detalhe, este devia ser o dia de folga de todos malfeitores, então os habitantes vinham ao terreiro trazer o que produziam, vender, trocar, fazer festa, dançar e etc.
Muita gente de longe convergia para o povoado. Essencialmente por causa de... etc.
Foi numa quarta feira discreta, ao final do dia, que toda a gente deu por ele, plantado no fontanário público, meio sentado meio deitado, impossível de ignorar, esquecido de se ir embora, gritando a todos que sempre ali vivera.
-Sou o maior matador de dragões de todas as terras!
-Impertinente! Diziam os demais ouvintes indignados
Sim, pois ninguém nunca se dera conta da existência de tal sujeito. E foi justamente neste dia que todos se aperceberam de Rapagão.
- Um atrevido isso sim! Diziam as senhoras de boa família.
Mas, voltemos ao nosso protetor e guardião. Ele andava triste e cabisbaixo.
Hoje era dia da feira e este sempre vinha para se exibir a todos, fazendo demonstrações com seu fogo.
-Que será que houve? O dragão não estava lá no lugar de costume, a observar o burburinho, como era de seu costume.
-Será que está doente?! Especulavam todos.
É verdade que ele andou enrabichado por uma bela dragoa que andou por aqui, quando esta vinha de passeio do norte. Eles conheceram-se por um destes acasos da vida. Ela machucara uma asa e teve de pousar, obrigatoriamente, no vilarejo. Foi um alarido só. Num primeiro momento ficamos preocupados, pensamos que era o nosso protetor que havia sido ferido. Ela era igualzinha a ele em tudo. Porém com atenção e cuidado sua asa melhorou e ela parecia nem lembrar mais que estava indo para algum lugar. Aí, ficamos preocupados de novo.
O nosso vilarejo é pobre sabe. Dar de comer para um dragão ainda suportamos, mas a dois! A coisa ficava complicada.
E foi com grande alegria que um dia a vimos bater suas asas em direção ao norte, ela retornava para seu lugar de origem.
-Deve ser saudades da dragoa. Especulavam.
-Deixemos nosso dragão querido em paz então, que logo isso passa. Concordaram todos.
Mas os dias passavam e ele não vinha, nem pegar sua comida! Estava muito estranho.
Rapagão o moço exibido, tinha um bicho de estimação que carregava no ombro. Um camundongo, imaginem só! Coisa incomum, pois é. O diabo da ratinha não falava com ninguém, só com rapagão. Isso era o que dizia ele, o que nos fazia pensar que não era verdade.
Um dia estava o moço se pavoneando para uma jovem na vila, quando um dos anciões o manda chamar, e pede-lhe em publico que leve a comida do dragão.
O rapaz se prontifica logo, na esperança de impressionar a linda moça que o acompanhava e se vai, carregado de comida para o topo da montanha.
- Que massada isso!
Cansado pela subida, o moço se para a porta da caverna do dragão, e espera para tomar folego.
Quando de repente ele sente o bafo quente atrás do pescoço. Toma um verdadeiro susto, levanta-se num repente. O Dragão está lá com os olhos injetados de fogo a fixar-se nele. Apavorado o rapaz não consegue pensar em nada melhor que correr, e correr muito!
Na carreira desembestada morro abaixo, João nem se deu conta que, deixou cair seu camundongo ao levantar-se.
Chegando a vila Rapagão avisa todos que o dragão está louco de raiva e vai matar a todos. Ficamos preocupadíssimos, claro. Com podia ser isso!?
Baixaram a ordem para que todos se refugiarem em suas casas imediatamente, deixassem comida e bebida suficiente para os dias de reclusão, até saberem ao certo o que se passava com o dragão.
Na caverna o dragão estava desesperado de dor. Era horrível aquilo. Nem sabia mais o que fazer, não dormia, nem comia há dias.
-Com licença. Uma voz feminina falou.
-Que foi? Onde estás? Diz o dragão olhando em volta sem conseguir ver nada.
-Estás com um espinho enterrado no pescoço amigo. Posso tirar, se quiser.
-Por favor. Respondeu o dragão.
-Acho que é isso que está me matando.
-Fique calmo e não se mexa, por favor. Vou tentar.
Sem pensar duas vezes a ratinha pega aquela enorme farpa e puxa com toda força que pode.
E vai sussurrando ao ouvido do dragão.
-Só mais um pouco amigo, só mais um pouco.
E tenta de novo e de novo. Enquanto o dragão vomitava fogo pelas ventas e boca clareando a escuridão da caverna. A situação era tão calamitosa que até os morcegos que ali viviam, evaporaram-se logo, e do povoado todos escutam seus grunhidos apavorados.
Afinal não tinha sido a dragoa a provocar-lhe tão grande dor, mas sim um espinho no pescoço, ainda por cima retirado por uma ratinha!
Quando odragão voltou ao povoado vinha enraivecido, como tinham sido capazes de o deixar a sofrer sozinho sem nenhum se atrever a tentar salvá-lo?! São estranhos os seres humanos, se puderem esquecem-se de quem veneram, não ajudam quem mais sofre e ficam felizes por não padecerem dos mesmos males!
Ainda por cima os dias que ficara a gemer não lhe permitiram arrumar o lar onde vivia, que se tinha infestado de pulgas, de modo que o seu bonito corpo de dragão luzidio estava cravejado de mordidelas de pulgas. Detesto pulgas, porque não vão elas apenas para os homens e deixam os bichos em paz?
Quando o dragão pousou no lugar de costume. Chamou a todos os residentes da aldeia e contou o que havia se passado.
- Quando ouvi aquela voz, vindo não sei de onde, pensei que estar morrendo mesmo.
Eu desmaiei de tanta dor. Quando acordei me sentia cansado ainda, porém a dor havia passado. A única coisa que pensava era em comer. Foi quando eu vi um ratinho pequeno, dormindo sobre mim. Nem pensei muito, peguei e ia levando a boca quando:
-Com que então eu te salvo, e tu me comes em agradecimento!
Fez-se um silencio onde eu imediatamente a larguei com toda a delicadeza possível a um dragão desajeitado.
-Peço desculpas pequena ratinha. Então foi você a me salvar da morte?
Incrédulo por uma criatura tão pequena e tão frágil ter tido a coragem de salva-lo, quando a maioria se escondera de medo.
-Acha que podemos conviver sem eu correr o risco de ser devorada por você grandalhão?
Ambos ficaram se mirando nos olhos por alguns momentos até que caíram na gargalhada.
-Vou tentar. Respondeu ele.
O dragão pegou a ratinha e a colocou no dorso.
-Segure-se, vamos voar.
A ratinha se sente humilde naquela imensidão toda. Lagrimas de emoção escorrem de seus olhos. Nunca vira paisagem mais exuberante. E quando pousaram, ele percebe a pequena sem palavras.
-Nunca voaste, ficou com medo? Gostou?
-Sim, nunca voei, e foi maravilhoso. Fico imensamente grata.
O povoado voltou à normalidade, e Rapagão perdeu sua ratinha, o moço "valente" havia ficado com tanto medo naquela noite que, só percebera no dia seguinte a sua ausência. Quando a viu com o dragão e soube que tinha sido sua salvadora, ficou orgulhoso dela.
E foi assim... Que aquele dragão enorme e uma ratinha insignificante se conheceram. Estes eram de mundos diverso, duas cabeças, duas almas que por alguma razão, queriam muito se conhecer, saber de tudo um do outro.
Ambos não entendiam direito, mas estavam ligados pela curiosidade ou pela vontade... Vai saber...
Guerreira/ Lena e PaulaJ
Imagem Net
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