A SONHADORA Part2

A mãe, que tinha escutado tudo da varanda, lembrou-se sorrindo de seu próprio passado. A inocência do primeiro amor ninguém esquece. A Vivinha e Zézito cresceram, e tudo mudou rápido como uma ventania. Isso acontece quando a vida empurra e não adianta lutar contra, pois haveriam que trilhar os caminhos impostos para depois ter a liberdade de escolha. Eles tinham tempo, foi o que disseram um ao outro, quando se despediram aos prantos, e cada um foi para seu lado.
A separação dos dois  era de cortar o coração, pois  cada vez que Vivinha pensava em Zézito e doía-lhe a saudade, falavam-se todos os dias por e-mail. Sabiam que não podiam fazer nada a respeito, por enquanto eram adolescentes ainda. Tinham de esperar um pouco mais, e estudar para crescer.

Meses depois a vivinha conheceu Pedro que se tornou o seu amigo mais fiel e porque estavam sempre juntos, foi inevitável o sentimento.
“Ela namora outro”, então Zézito achou melhor se distanciar.
Tudo afinal era normal e sem graça agora, com dias iguais e sem nada especial para fazer, o jeito era contentar-se e seguir adiante.
O Zézito arrumou uma namorada também, uma maluca que vivia no mundo dos cálculos, e segundo ela, “tudo é matematicamente possível”, e que lhe arrancava gargalhadas nas horas mais difíceis. Mas o coração era de Vivinha, ele admitia. Então ficava calmo e tentava relaxar, pois também tinha que viver.
"Como estará Vivinha agora"?
O Zézito e a Vivinha continuaram com sua trajetória pessoal, e cada um com suas aventuras e desventuras. Ele prestou o ENEM e ganhou uma bolsa de estudos para Biologia e foi para o Amazonas fazer suas pesquisas, onde viveu por sete anos. Casou-se com a doida dos cálculos e tiveram uma filha. E a vida foi seguindo o seu curso como as águas de rio que ao descer deixam para trás paisagens e vagas lembranças. E as estações mudavam...
“Ainda bem que temos as lembranças guardadas, porque esquecer seria triste”.
A Vivinha se formou em direito civil, casou-se, teve 2 filhos e se disser que ela esqueceu o amigo de infância, é mentira. Porque às vezes, ela volta para casa dos pais e ao ouvir o barulho dos pássaros, o marulho do mar é impossível não sonhar.
Talvez no campo das escolhas, optar por estarem juntos teria sido mais difícil. Pensava ela.
“E se tivéssemos tentado? Vai saber?”

Entre alegrias grandes e pequenas, perdas e ganhos, ambos tinham separadamente um cotidiano tomado por ações e responsabilidades. E viver tem destas coisas, e se nem tudo se concretiza, o que se realiza tem gosto de felicidade.
Vivian e Zézito sabem que mesmo que a distância seja grande, jamais esquecerão um do outro, e buscarão da vida sempre um pouco mais. Por quê?
Simples, porque tudo só acaba quando termina.



#Guerreiraxue

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