A DANÇA DA VIDA

—Lembra de quando nos conhecemos? — Dizia a mulher embevecida, foi premeditado ou por acaso?
O homem olhava para o teto. — Claro que lembro e mesmo que não lembrasse, você daria um jeito de me refrescar a memória. — E ambos riram ...
— E quando foi que ficamos tão bons companheiros? — Deve ter sido quando você teve câncer e teve que remover seu seio, ou quando eu tive aquele acidente vascular que levei mais de seis meses para recuperar meus movimentos plenos.
— Mas quase divorciamos, lembra? Se lembro, fiquei doido quando você me disse que não queria mais ficar casada comigo. — Pois, mas você estava tendo um caso com a sua secretária, e não me queria mais, então não havia razão para continuarmos. — Sim, e eu te contei na época queria experimentar e te deixei livre para isso também. — E eu experimentei mesmo, e nunca entendi se o fiz por vingança ou curiosidade... A tua franqueza comigo me deixou sem ação na época. Pois, se você tivesse encoberto eu ia me sentir enganada e ia mesmo te abandonar mas, você veio me contar e deixou-me livre para decidir.
A maioria das mulheres apaixonadas tem uma visão da vida a dois muito surreal e quando cai no real puro e duro é um exercício mais complicado, e isso só prova que não sabemos nada, até vivermos nosso quinhão.
— É natural querida, pois são duas pessoas que passam a dividir tudo, e muitos desses nem se conhecem direito. Não pense que os homens também não tem seu pré conceito disso também, e quando tem os pais ainda pensam; comigo e minha esposa será diferente, seremos muito mais felizes.
—Mesmo estando juntos a tantas décadas ainda temos nossas diferenças. — Se temos, e temos também um consenso, nos amamos e queremos estar juntos, como agora.
A mulher levanta nua, põe uma música suave a tocar e o convida a dançar.

#Guerreiraxue



Pintura - A dança da vida, de Edvard Munch

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