A VIAGEM PELO DESCONHECIDO
A VIAGEM PELO DESCONHECIDO
Entrei no C H C B no dia 4 /1 /2012 com indicações médicas para fazer uma cirurgia de nome DACRIOCISTORRINOSTOMIA: depois de responder a um pequeno questionário sobre doenças existentes e medicamentos tomados, fui encaminhado para uma enfermaria de nome »Especialidades Cirúrgicas«: aí, fui instalado numa cama suplementar onde permaneci ocupando o tempo com um livro que tentei reler, »Planície de Espelhos« de Gabriel Magalhães, a dificuldade estava em me abstrair dos ruídos circundantes: não li mais que três ou quatro páginas. (No momento em que narro esta pequena história ainda estou bastante tonto da anestesia geral, pelo que hoje vou ficar por aqui).
Estava numa enfermaria com mais quatro doentes, dois velhinhos, um jovem de 30 anos que passava o tempo no seu Ipad e consola de jogos e um motorista de longo curso que se distraia conversando; três deles iriam ser operados no dia seguinte a cataratas nos olhos, eu à tal DACRIO....................:
a noite chegou e para quem estava habituado a dormir pelas 2horas da madrugada não foi fácil adormecer num ambiente estranho.
Acordo em sobressalto pelas 6:30 h quando uma enfermeira acende as luzes e começa o ritual de preparação para as cirurgias; irradiando simpatia, a enfermeira começa por cortar as pestanas aos colegas, aproxima-se e enquanto me corta as minhas lindas pestanas, comenta.
Mais um pestanudo, se as minhas fossem assim não precisava de as alongar com rímel. Replico
- lá se vai o que resta dos meus lindos olhos!
Chega o médico; faz um breve exame e diz: - então, estamos prontos para tirar essa coisa!
- Estou pronto.
Breves minutos depois senti-me a navegar por corredores e elevadores com os olhos abertos para um céu de luzes opacas até chegar a uma sala em penumbra e fria; aí transferiram-me para uma mesa de cor verde escuro e muito dura, mais uma mudança, desta vez para aquela que seria a mesa de operações; entro numa espécie de sarcófago, lanço os olhos em redor, apenas vejo paredes em mármore cinzento escuro e aparelhos em volta, por cima as lâmpadas projetoras estavam ainda em modo de standby.
- Então, está bem disposto? - Pergunta uma simpática enfermeira ou médica, - o que é que faz na sua vida!? Nós somos muito curiosas. (Haverá alguma mulher que não seja)! - Não tenha medo, vai correr tudo bem, diziam enquanto me colavam todo o tipo de sondas no peito, dedos e cérebro. neste momento já estava sob o efeito de sedativos e tudo aceitava com normalidade. Uma voz de homem fala em tom suave, - vai adormecer: sinto um liquido entrando por uma veia da mão esquerda como se fosse fogo penetrando.... entro na terra do nada.....................................
Acorde, correu tudo bem, foi a primeira voz que ouvi. - Então, sente-se bem? Tenho fome , quero comer, respondi ainda atordoado pela anestesia. (Que longa já vai esta história; poucos terão a paciência de a ler)! Tinham passado cerca de 4 horas em que a morte da dor se tinha apoderado do meu corpo.
Eis uma nova viagem alucinante de retorno à enfermaria; adormeço e acordo com a visita dos meus familiares por volta das 16:30 h.
No dia seguinte estou em casa em convalescença.
Manuel Carlos Aguilar
Ilustrações do artista Gil Pery.
Entrei no C H C B no dia 4 /1 /2012 com indicações médicas para fazer uma cirurgia de nome DACRIOCISTORRINOSTOMIA: depois de responder a um pequeno questionário sobre doenças existentes e medicamentos tomados, fui encaminhado para uma enfermaria de nome »Especialidades Cirúrgicas«: aí, fui instalado numa cama suplementar onde permaneci ocupando o tempo com um livro que tentei reler, »Planície de Espelhos« de Gabriel Magalhães, a dificuldade estava em me abstrair dos ruídos circundantes: não li mais que três ou quatro páginas. (No momento em que narro esta pequena história ainda estou bastante tonto da anestesia geral, pelo que hoje vou ficar por aqui).
Estava numa enfermaria com mais quatro doentes, dois velhinhos, um jovem de 30 anos que passava o tempo no seu Ipad e consola de jogos e um motorista de longo curso que se distraia conversando; três deles iriam ser operados no dia seguinte a cataratas nos olhos, eu à tal DACRIO....................:
a noite chegou e para quem estava habituado a dormir pelas 2horas da madrugada não foi fácil adormecer num ambiente estranho.
Acordo em sobressalto pelas 6:30 h quando uma enfermeira acende as luzes e começa o ritual de preparação para as cirurgias; irradiando simpatia, a enfermeira começa por cortar as pestanas aos colegas, aproxima-se e enquanto me corta as minhas lindas pestanas, comenta.
Mais um pestanudo, se as minhas fossem assim não precisava de as alongar com rímel. Replico
- lá se vai o que resta dos meus lindos olhos!
Chega o médico; faz um breve exame e diz: - então, estamos prontos para tirar essa coisa!
- Estou pronto.
Breves minutos depois senti-me a navegar por corredores e elevadores com os olhos abertos para um céu de luzes opacas até chegar a uma sala em penumbra e fria; aí transferiram-me para uma mesa de cor verde escuro e muito dura, mais uma mudança, desta vez para aquela que seria a mesa de operações; entro numa espécie de sarcófago, lanço os olhos em redor, apenas vejo paredes em mármore cinzento escuro e aparelhos em volta, por cima as lâmpadas projetoras estavam ainda em modo de standby.
- Então, está bem disposto? - Pergunta uma simpática enfermeira ou médica, - o que é que faz na sua vida!? Nós somos muito curiosas. (Haverá alguma mulher que não seja)! - Não tenha medo, vai correr tudo bem, diziam enquanto me colavam todo o tipo de sondas no peito, dedos e cérebro. neste momento já estava sob o efeito de sedativos e tudo aceitava com normalidade. Uma voz de homem fala em tom suave, - vai adormecer: sinto um liquido entrando por uma veia da mão esquerda como se fosse fogo penetrando.... entro na terra do nada.....................................
Acorde, correu tudo bem, foi a primeira voz que ouvi. - Então, sente-se bem? Tenho fome , quero comer, respondi ainda atordoado pela anestesia. (Que longa já vai esta história; poucos terão a paciência de a ler)! Tinham passado cerca de 4 horas em que a morte da dor se tinha apoderado do meu corpo.
Eis uma nova viagem alucinante de retorno à enfermaria; adormeço e acordo com a visita dos meus familiares por volta das 16:30 h.
No dia seguinte estou em casa em convalescença.
Manuel Carlos Aguilar
Ilustrações do artista Gil Pery.
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