AMANARI (Água de chuva)
Há muito tempo atrás, antes das civilizações modernas, nativos
habitavam boa parte da terra. Alguns dizem que estes tinham origem em um único
grupo, e foram se espalhando, mudando de aspecto, gerando adaptações ao longo da
jornada, para melhor suportar as temperaturas extremas porém, estes foram
encontrando outros nativos pelo caminho se misturando e fortalecendo o clã com
novos conhecimentos. Todo estrangeiro era bem-vindo e tratado como se fora um
enviado e assim dividiam-se multiplicavam-se isso era tão comum quanto o dia
que nasce ou noite que desce.
Se viessem as
chuvas, subiam as encostas para se abrigarem das cheias, quando esta baixava
voltavam às ribeirinhas onde a pesca era farta e o fruto não faltava.
A natureza era generosa.
viver era simples e ... Morrer também.
Só nativos
habitavam as terras do lado de baixo da linha do equador
Uma gente que
vivia de maneira livre e absoluta, com preceitos básicos e importantíssimos
para a própria sobrevivência.
O xamã da aldeia sempre
contava esta história, diz que tem um grande ensinamento nela. Segundo ele,
aconteceu há muitas luas, muito antes do pai do pai do pai dele.
— Nossa tribo
sempre viveu aqui, na volta deste rio.
Algumas vezes
tivemos de atravessar para o outro lado, por causa das chuvas...
Esta história se
passou por ocasião de uma destas grandes chuvas. Quando a grande chuva passara
nosso povo voltava a margem do rio, agora era hora da pesca farta.
Era uma
manhãzinha fria, a relva ainda molhada e o sol produzia pequenos arco-íris e
por todo lado havia luz, de repente houve um alarido, os meninos
encontraram-na.
Parecia um bicho,
toda suja e enroscada de frio, mais adiante, havia outros dois que deviam ser
da mesma família, estes estavam mortos. Só a pequena estava viva. Levaram-na as
pressas para a aldeia, todos queria ver a menina que viera com a chuva.
O menino (curumim)
orgulhoso de ter encontrado a pequena estranha ficava sempre atento a ela.
O xamã falava para
o cacique e ao conselho que encontra-la com vida era um sinal de alegria para
seu povo e que Amanari, assim ele a batizara, traria luz e conhecimento.
Aos poucos e
com o tempo Amanari foi ficando forte, cresceu e nunca disse de onde veio, pois
não falava.
Ensinava os
pequenos a nadar pois na água, a pequena parecia um peixe.
A família que a
adotou tinha outros filhos, Amanari era tranquila, serena e gentil com todos.
Sua companheira
inseparável era Potira (flor),sua irmã menor.
O pequeno curumim,
seu salvador também ia desenvolvendo suas habilidades, conquistando o respeito
dos seus, ganhando assim o nome de Abaeté (homem de honra).
Os casamentos são
arranjados quando crianças, mas Amanari não tinha seu par, isso parecia não ter
importância para ela. Já Abaeté era prometido a Potira.
Um dia Abaeté já
um pouco maior, pediu ao pai (xamã), para se libertar do compromisso com
Potira, pois desejava Amanari por esposa. O pajé, o cacique e todos do conselho
tinham consciência da importância daquela pequena que viera, não sabiam de
onde, mas que trazia consigo uma paz e harmonia muito especial.
Potira teve que
aceitar por bem o trato desfeito com seu prometido,chorou muito,mas
concordou.,queria muito bem a irmã...E Abaeté une-se a Amanari.
Tudo corria muito
bem, quando uma manhã. Amanari acorda ansiosa. Pede ao xamã que não permita que
os homens saiam para a caça ou pesca, pois teriam de sair dali e logo...Muita
água,dizia ela, a grande chuva estava para cair, e teriam de correr pois do
contrário todos morreriam.O pajé perplexo, pois não via sinal de nada no céus
nem recebera aviso algum em sonhos, não pensou duas vezes mandou que todos
juntassem o que pudessem e fossem em direção ao rio, fariam logo a travessia.
Como num passe de
mágica o tempo mudou e a tempestade veio. O que se sucede depois é um
caleidoscópio, uma tentativa incansável de sobrevivência, todos em suas canoas
remando contra a correnteza. Alguém cai n'água, e
num relance
Amanari pula no seu encalço, quando volta a tona traz Potira consigo em segurança,
porém a jovem não aguenta o repuxo das águas sendo engolida rapidamente pelo
grande rio, desaparece ali na frente de todos.
Abaté mergulha a
sua procura...
Os dias se passam
e Abaeté ainda procura por sua mulher.
Nossa aldeia
sobreviveu aquela grande tempestade. Graças a água de chuva.
Uma pequena que
nos foi enviada para salvar.
Neste dia ninguém
se perdeu...Neste dia só Amanari desapareceu...
Abaeté a procurou
por muitas vezes ainda, a mulher que amava.
Dizia que ela
ainda ia voltar para ele, só tinha que procurar.
Amanari só falou
para salvar sua gente.
Potira se sentindo
responsável pela morte da irmã sofria também, o que fazia com que os dois se
aproximassem mais, e ambos firmaram compromisso novamente um com o outro.
Passando o
tempo,vem o primeiro filho de Potira.
Uma menina que chega
ao mundo numa manhã de muitas chuvas passadas, e outra vez os arco-íris estavam
por toda volta.
Finalmente Abaeté não precisava mais procurar.
A sua Amanari
estava de volta ao lar.
Conto do livro O Ogro E A Tecelâ
http://www.lp-books.com/loja/infantojuvenil/o-ogro-e-tecela/
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