Enchente

Meus olhos cansados do deserto quente
Hoje se perdem na imensidão
das águas
que vem de todos os lados
E o que seria para todos
uma benção
Virou agora uma grande enchente
Arrastando as casas, os animais
As arvores e as gentes

A vida ficou tão irreal
E eu muito desolada
Meu coração ficou vazio
e a terra que era seca, alagada

Mas não vou mais chorar
Tinha pedido agua
E agora tenho
Também não vou mais rezar

A noite será  longa,
eu sei
Mas o amanhã quando chegar
partirei
Irei embora, para longe deste lugar
Pegar o que posso carregar...
Nem sei mais o que
vou buscar

Perdi a minha esperança
neste lugar
A enchente tirou-me tudo

O meu homem foi soterrado
O meu cachorro está perdido
E o barraco desmoronado
restando a mim apenas lembranças
se foram todos, menos eu
 presa no vazio abandonada

Nunca mais,ao maldito sertão
os meus olhos tornarão a olhar
Guerreira Xue/Hilda Milk


                                       Imagem Net

Comentários

  1. Mas que grade Guerreira me saiste, Hildinha! Agora também guerreias em poesia. Gosto de te ver assim, e como iniciada deixa-me que te diga, que vais bem. Adorei a forma e o tema.
    Toma lá um abraço e a quadra que se segue, a propósito da água.

    É da natureza da água,
    ser o mais supremo bem,
    mas também factor de mágoa,
    quando de mais ela vem.

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