NOME DE ANJO
Como faço quase todos os dias, parei em um restaurante para falar sobre o projeto da ONG, o sonho de publicar meu primeiro livro e pedir humildemente um pouco de arroz e feijão.
O Senhor responsável falou que em alguns minutos estaria pronto. Agradeci e fui para o lado de fora. Percebi um moço que ouviu minha história e chegou mais perto. Sentou no chão e puxou conversa.
Em poucos minutos o prato foi colocado para mim. Sentei para comer e perguntei o nome do moço. Arazael, ele disse. Falei que era nome de anjo, muito bonito. Ele veio e sentou-se à mesa em que eu estava. Sem entender quem ele era, peguei o cartãozinho com o endereço do blog e o entreguei para acompanhar o meu sonho. Sabendo que eu ia para o Paraguai, falou que seu pai era de lá e sua mãe índia. Comentei sobre a mistura forte que ele trazia. Do silêncio, senti a quase rispidez da frase: Eu moro na rua...
Foi aí que entendi o que estava acontecendo. Drogas? Perguntei. Sim, respondeu. Em pouco tempo Arazael contou que perdeu tudo. Quando a igreja o resgatou pesava apenas 35 quilos. Tinha carros, moto. Perdeu inclusive os pais que não mais acreditavam nele. Perdeu a coragem de chegar perto de sua pequena Emily de dois anos, quando a mãe a leva pela rua à procura do pai.
Foi então que abracei Arazael com o meu coração. Disse o que achava do dinheiro, das pessoas e da Fé. Falei sobre o problema que já tive com álcool e a vontade de me matar que algumas vezes já percorreu meu coração. Contei como o homem é capaz de mudar e que quando não temos amigos muitas vezes acabamos escolhendo o pior caminho.
Quando dei por mim, Arazael chorava. Não eram lágrimas de dor. Falou que eu era a primeira pessoa que conversava com ele. Aquele foi o golpe mais forte. Ele segurava orgulhoso o meu mísero papelzinho com endereço do blog como se fosse desmanchar em suas mãos de tão precioso. Perguntou se poderia entrar mês que vem, provavelmente pensando no salário do trabalho que talvez conseguisse em uma firma. Falei que sim. Que aquele site seria para sempre. Quando pedi para tirar uma foto para guardar de recordação, ele sentiu-se importante. Talvez pela primeira vez em muito tempo. Se eu tivesse um teto meu, naquele momento, ele não mais moraria na rua. Mas se meu destino diz que essa ainda não é a hora, espero ansioso pelos primeiros tijolos da ONG.
Parti com o peito cheio de esperança. Despedimos-nos em abraço de velhos amigos. Acredito, e torço, que algum dia mais para frente receba boas notícias de meu grande amigo Arazael.
Que minhas palavras façam com o moço com nome de Anjo um pedacinho do que suas lágrimas clamando por dignidade fizeram por mim...
Doações para Projeto da ONG Totipah
Marcelo Nogueira Ribeiro dos Santos
Banco do Brasil - Agência 5692-8 / Conta 7.167-6
Banco Santander - Agência 0797 / Conta 01002466-2
http://ribeirinhosou.blogspot.com.br/
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Ps. Quem acredita em sonhos corre em busca de realiza-los, e é isso que Ribeirinho Nogueira faz, viajando com a sua Bike.
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