A VIDA AOS PEDAÇOS
Quando Marisa foi passar as férias na casa dos tios naquele
verão, jamais imaginava que sua vida mudaria assim tão drasticamente. Não que
ela necessitasse de mudança, pelo menos ela sentia-se bem com o tinha antes da
viagem, pois sua vidinha boa e regrada, trabalhava naquilo que gostava, era bem
relacionada, e tinha um bocado de amigos.
A moça também gozava dos privilégios de ser filha de um importante diplomata, então passou parte da sua infância e adolescência viajando pelo
mundo. Agora já morava sozinha desde que concluiu a faculdade, e estava muito
bem instalada no seu belo apartamento em pleno centro financeiro de São Paulo.
Outra pergunta que acho interessante neste contexto, e que me permitam esta introdução, porque uma história sem "apartes" me parece inflexível, direta, e sem momentos para reflexão.
É a situação financeira
da pessoa que determina seu grau de intelectualidade? Pode ser, e pode não ser...
Tudo é sempre relativizado por circunstancias, gostos, e há que se levar em conta
o fator tempo que o individuo vai dispor, para trabalhar esta intelectualidade.
Porém, sabemos que oportunidades, quando reconhecidas e aproveitadas, fazem
muita diferença nos rumos adiante. O que sei é que, pessoas que não tiveram
tempo ou estímulos para o conhecimento não sentem muito orgulho disso. Então
por esta ou aquela razão não foram muito a escola ou sequer pisaram em uma
universidade.
Percebe-se também que, quem não teve muita oportunidade na vida, faz por onde facilitar a trajetória de seus filhos. É comum pai ou mãe pensar: "meu filho terá o que eu não tive".
E por que as diferenças atraem-se tanto? É outra questão
sempre em voga, e quando pensamos saber alguma coisa com toda segurança, ai vem uma tempestade
repentina, e destrói toda uma estrutura filosófica construída a ferro e suor. Isso parece nós mesmos, protegidos em nossos mundinhos
particulares, e um homem de capuz, armado, entra e nos rouba, e não satisfeito ele ainda fere a dignidade que tão custosa, conquistamos na sociedade vigente. Neste momento perdemos-nos em conjecturas, em incertezas, e tudo cai por terra.
Outras vezes é só uma leve brisa, mas que com o tempo vai
ruindo a mais resistente “redoma”.
Talvez tenha o sido as ondas que vinham do Grande oceano a
principal motivação de Marisa.
A construção do mundo passa pelo pensamento, e o sentimento, quer dizer que a satisfação vai influenciando também.
E se toda razão tem explicação, aquela que não tem, dizem
ser motivada pelo coração.
Ora ora, então
pergunto agora: Como pode a razão existir
e não ter passado pela emoção?
Escolhemos viver de qualquer jeito, e mesmo quem vive
insatisfeito, escolhe.
Então a razão, a circunstância e a emoção podem significar
muito numa mudança de atitude.
Às vezes o que somos é importante para determinar certo
convívio social, pois, do contrário seria quase que impossível estar inserido
como indivíduo, ou cidadão que seja.
É certo que em muitos momentos somos, todos, colocados na
categoria de povo, o que nos leva ao senso comum, ou como quando estamos na
igreja, quando o líder espiritual, seja ele padre, pastor ou monge, tenta
simplesmente nos convencer que somos nada.
Nenhum de nós então, nesta situação, está livre das
mudanças, seja de atitudes, de emoções, ou de razões. E nos diferentes tipos de
escala social estas ocorrem, e acredite, ninguém está livre de dormir pobre, e
acordar rico, no sentido amplo que a palavra contém, ou vice versa.
Marisa sabia que existia gente pobre no mundo, e fazias suas
contribuições para obras sociais, seus pais o faziam, e era dedutível no
imposto de renda, então era normal. Frequentavas as festas em prol do câncer,
organizava bazares sociais, era divertido limpar os roupeiros, e sapateiras, e as vezes chegava a encontrar
sapatos que nunca usou, ainda com etiqueta de compra. Normal, Marisa se achava normal, nem mais e
nem menos. Só era normal. Ela nasceu rica, e
tudo que tem, esteve sempre lá.
E como dizia o poeta romano Virgílio: “É fácil
ser generoso, quando se tem riqueza, e difícil quando se tem pouco”.
@Guerreira Xue
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