A MOÇA DAS TRUFAS
Algumas pessoas nascem com tanta sorte e facilidades na vida, que até chega a fazer raiva. A Giovana era uma dessas riquinhas, tanto que ao chegar na cidade grande, a moça se depara com as disparidades sociais comuns, que até então nunca tinha visto em sua curta vida.
A mãe por sua vez, escondia a emoção da filha, porque aquilo era viver, sentir, e sofrer a dor alheia, mas também trazia-lhe a alternativa, o senso cooperativo e o valor da solidariedade.
Giovana e a moça das trufas se formaram. No dia da formatura de ambas, ao se despedirem. — Nunca me esquecerei de você enquanto viver. — Giovana retruca logo — Claro que não vais, tenho o teu contato e quando pudermos vamos nos ver.
Depois de 20 anos a doutora Giovana e Laura, a moça das trufas, mesmo vivendo em cidades diferentes ainda cultivam amizade.
Não foram poucas as vezes que a mocinha pensou em arrumar a mala novamente e correr para casa, onde além do aconchego do lar havia também os pais. Mas no fundo do coração ela sabia que precisava vencer mais esse primeiro desafio, a universidade. A transição em geral pode ser dolorida, mas se faz necessária, pois sair do ninho é o destino de qualquer passarinho.
Já no primeiro dia um professor de sociologia pediu para cada um, da turma, que ficasse de pé e falasse um pouco de si, apresentando-se.
Você há de convir que é vergonhoso ter orgulho da riqueza já que a miséria mata até a dignidade humana. E Giovana não era orgulhosa nem nada, aliás, descobriu-se uma completa alienada.
E porque todos agem normalmente, então a moça percebe que para não parecer uma retardada mental fingia a mesma naturalidade dos demais. O que a salvava era a mãe, voltando em casa um domingo por mês. — Eu sei da pobreza do mundo mãe, só que nunca tinha visto tão de perto.
E a mãe, mulher simples que nunca tinha saído do campo, escutava cada palavra da filha.
— Conheci a Laura, a moça das trufas. A garota é a quarta numa família de seis filhos, e veio de Bom Jesus. O pai é lavrador, a mãe trabalha de lavadeira para as gentes da cidade. Ela passou no vestibular em primeiro lugar para medicina e estuda com bolsa integral. A família não tem condição alguma de custeá-la na faculdade, e mesmo assim ela está "tentando". Ela recebe todo mês seiscentos reais, do qual tem que pagar oitenta por cento de estadia, sobrando-lhe duzentos reais para se manter. Sabe o que ela faz mamãe? Usa o dinheiro restante para fazer trufas e sai a vender pelo campus. E eu sinceramente não sei que hora ela estuda ou dorme. Mas a obstinação dela é tão contagiante que acabei por fazer um acordo com a turma. Um dia na semana, ela faz duas trufas para cada um da nossa sala inteira. E ao saber disso, outras turmas resolveram aderir. Tanto que a moça das trufas tem que recusar pedidos, pois do contrário não teria mais tempo para os estudos.
Já no primeiro dia um professor de sociologia pediu para cada um, da turma, que ficasse de pé e falasse um pouco de si, apresentando-se.
Você há de convir que é vergonhoso ter orgulho da riqueza já que a miséria mata até a dignidade humana. E Giovana não era orgulhosa nem nada, aliás, descobriu-se uma completa alienada.
E porque todos agem normalmente, então a moça percebe que para não parecer uma retardada mental fingia a mesma naturalidade dos demais. O que a salvava era a mãe, voltando em casa um domingo por mês. — Eu sei da pobreza do mundo mãe, só que nunca tinha visto tão de perto.
E a mãe, mulher simples que nunca tinha saído do campo, escutava cada palavra da filha.
— Conheci a Laura, a moça das trufas. A garota é a quarta numa família de seis filhos, e veio de Bom Jesus. O pai é lavrador, a mãe trabalha de lavadeira para as gentes da cidade. Ela passou no vestibular em primeiro lugar para medicina e estuda com bolsa integral. A família não tem condição alguma de custeá-la na faculdade, e mesmo assim ela está "tentando". Ela recebe todo mês seiscentos reais, do qual tem que pagar oitenta por cento de estadia, sobrando-lhe duzentos reais para se manter. Sabe o que ela faz mamãe? Usa o dinheiro restante para fazer trufas e sai a vender pelo campus. E eu sinceramente não sei que hora ela estuda ou dorme. Mas a obstinação dela é tão contagiante que acabei por fazer um acordo com a turma. Um dia na semana, ela faz duas trufas para cada um da nossa sala inteira. E ao saber disso, outras turmas resolveram aderir. Tanto que a moça das trufas tem que recusar pedidos, pois do contrário não teria mais tempo para os estudos.
A mãe por sua vez, escondia a emoção da filha, porque aquilo era viver, sentir, e sofrer a dor alheia, mas também trazia-lhe a alternativa, o senso cooperativo e o valor da solidariedade.
Giovana e a moça das trufas se formaram. No dia da formatura de ambas, ao se despedirem. — Nunca me esquecerei de você enquanto viver. — Giovana retruca logo — Claro que não vais, tenho o teu contato e quando pudermos vamos nos ver.
Depois de 20 anos a doutora Giovana e Laura, a moça das trufas, mesmo vivendo em cidades diferentes ainda cultivam amizade.
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