Contadores de Histórias
Os contadores de histórias reuniam-se na noite de natal para contar as crianças sobre seus dias de infância. Era uma tradição, contar aos netos tudo que pudessem se lembrar, e fazendo isso iam perpetuando a própria memória. Além de relembrarem a vida passada na vila, os velhotes propagavam as história delegando assim uma espécie de hereditariedade. Por que? Porque as crianças não esqueceriam daquela história e noites, para o resto de suas vidas.
Era natal como hoje, e todos estávamos brincando nas ruas da vila... E vinham os garotos da rua de cima, o Marcão e o Zeca que sempre implicavam conosco, mas no natal havia trégua. A mamãe tinha feito um bolo de milho e era tão bom aquele bolo, que até hoje não me esqueci do cheiro ou do gosto. E embora não fosse toda aquela festa e circunstância, as mães faziam sempre alguma coisa especial, que apesar de simples era divertida, a confraternização na favela.
Eu era garoto e via na televisão aquele o quebra- nozes, e gostava da neve que para nós seria refrescante, enquanto aqui mal conseguíamos nos manter dentro de casa, tal o calor do verão brasileiro.
A comunidade recebia presentes de doações de associações e ONGs, organização não governamental, e se fazia uma grande arvore de Natal, e vinha um papai noel com uma carrocinha puxada pelo burrico que de tão manso trazia pregado na cabeça um par de chifres, risos, para imitar as renas suponho. Mas esse ano aconteceu uma grande enchente, que nos marcou muito, e a arrumação se estragou toda. Foi uma tragédia para as crianças que perderam seus presentes, sujaram suas roupas e cancelaram as brincadeiras. Então tivemos que subir, as pressas, o morro e nos abrigar no pavilhão da associação.
Dormimos muito tristes ... E eu sonhei...
Guerreira Xue
Era natal como hoje, e todos estávamos brincando nas ruas da vila... E vinham os garotos da rua de cima, o Marcão e o Zeca que sempre implicavam conosco, mas no natal havia trégua. A mamãe tinha feito um bolo de milho e era tão bom aquele bolo, que até hoje não me esqueci do cheiro ou do gosto. E embora não fosse toda aquela festa e circunstância, as mães faziam sempre alguma coisa especial, que apesar de simples era divertida, a confraternização na favela.
Eu era garoto e via na televisão aquele o quebra- nozes, e gostava da neve que para nós seria refrescante, enquanto aqui mal conseguíamos nos manter dentro de casa, tal o calor do verão brasileiro.
A comunidade recebia presentes de doações de associações e ONGs, organização não governamental, e se fazia uma grande arvore de Natal, e vinha um papai noel com uma carrocinha puxada pelo burrico que de tão manso trazia pregado na cabeça um par de chifres, risos, para imitar as renas suponho. Mas esse ano aconteceu uma grande enchente, que nos marcou muito, e a arrumação se estragou toda. Foi uma tragédia para as crianças que perderam seus presentes, sujaram suas roupas e cancelaram as brincadeiras. Então tivemos que subir, as pressas, o morro e nos abrigar no pavilhão da associação.
Dormimos muito tristes ... E eu sonhei...
Guerreira Xue
Comentários
Postar um comentário