RETRATOS DA VIDA
Em boa parte da vida, não conseguimos entender o nosso verdadeiro propósito nela. Há quem diga que somos passageiros, outros já afirmam que temos uma missão para cumprir na terra. Eu penso que, somos como tudo a volta, compomos um cenário que uma hora estamos aqui, outra hora ali. E a única frase que me vem a mente, quando falamos nisso é: não sei de onde viemos, mas é certo para onde vamos, e até chegar lá, é chão para andar.
Nasci numa boa família que morava no interior e tínhamos o suficiente para comer, vestir, e calçar.
Éramos cinco e parecia tudo bem até que... Quando ainda éramos crianças a mamãe foi embora de casa, e ela talvez não soubesse mas levou um pedaço da nossa vida com ela.
O papai que não era bobo nem nada arrumou-se logo com outra moça, afinal como ia dar conta de cuidar tantos filhos e trabalhar? O que não sabíamos era que, ele já tinha outra família, e o que fez foi só traze-la e juntar seus rebentos todos numa casa só.
A partir disso ficamos com tantos traumas, que esquecemos de ser crianças, marcados pelo abandono de uma mãe e o desleixo de um pai que permitia que a maluca da nova esposa nos espancasse até ficarmos em carne viva.
Não raras vezes me perguntava muitas coisas e nunca encontrei qualquer resposta convincente, para certos comportamentos de ódio. A raiva era sentida de tal maneira que parecia respirar sobre nossas cabeças.
Meu pai morreu logo, e foi um alivio ver aquela madrasta sair de nossas vidas, e a única pena que eu tinha é de ver que os filhos legítimos dela não teriam essa mesma sorte. E tivemos todos que nos separar, porque o avô materno não teria como nos sustentar. Fomos cada um para um canto qualquer, onde alguém generoso estava disposto a nos adotar.
Acho que os meus irmãos nunca superaram a infância triste, pois eram homens feitos e ainda choravam ao relembrar.
Era uma época diferente e uma "separada" era desconsiderada pela sociedade local. Mas mamãe estava bem, ela estava sempre bem. Na verdade eram somente os seus filhos que, sentiam-se órfãos, humilhados e discriminados pela vizinhança.
Quando voltamos a rever mamãe novamente, conhecemos mais dois irmãos e o marido novo.
Quanto a mim! Fui revoltado também, e chorava muito, pois me sentia uma pária na família, sentia raiva de minha mãe por nos abandonar, raiva do meu pai por morrer, e da madrasta por nos maltratar.
Demorei a compreender, mas cheguei a conclusão que tanto faz, como tanto fez, por isso não choro mais por causa da infância. Vieram a seguir outros choros, de alegrias, de ganhos, e outras perdas... Deve ser o preço que pagamos por viver muito mais. Hoje não sou mais jovem, aproveito o máximo os momentos de alegria e de amor, porque desde cedo percebi, que tudo passa tão rápido. E a vida nos engole, até o fim.
Somos passageiros então, e mesmo que, alguém ou ninguém se importem conosco, ainda assim temos uma vida para passar. A coisa da tal missão ainda não entendi, talvez seja o fato de que ao morrer viramos todos adubo para fertilizar a terra,
Nasci numa boa família que morava no interior e tínhamos o suficiente para comer, vestir, e calçar.
Éramos cinco e parecia tudo bem até que... Quando ainda éramos crianças a mamãe foi embora de casa, e ela talvez não soubesse mas levou um pedaço da nossa vida com ela.
O papai que não era bobo nem nada arrumou-se logo com outra moça, afinal como ia dar conta de cuidar tantos filhos e trabalhar? O que não sabíamos era que, ele já tinha outra família, e o que fez foi só traze-la e juntar seus rebentos todos numa casa só.
A partir disso ficamos com tantos traumas, que esquecemos de ser crianças, marcados pelo abandono de uma mãe e o desleixo de um pai que permitia que a maluca da nova esposa nos espancasse até ficarmos em carne viva.
Não raras vezes me perguntava muitas coisas e nunca encontrei qualquer resposta convincente, para certos comportamentos de ódio. A raiva era sentida de tal maneira que parecia respirar sobre nossas cabeças.
Meu pai morreu logo, e foi um alivio ver aquela madrasta sair de nossas vidas, e a única pena que eu tinha é de ver que os filhos legítimos dela não teriam essa mesma sorte. E tivemos todos que nos separar, porque o avô materno não teria como nos sustentar. Fomos cada um para um canto qualquer, onde alguém generoso estava disposto a nos adotar.
Acho que os meus irmãos nunca superaram a infância triste, pois eram homens feitos e ainda choravam ao relembrar.
Era uma época diferente e uma "separada" era desconsiderada pela sociedade local. Mas mamãe estava bem, ela estava sempre bem. Na verdade eram somente os seus filhos que, sentiam-se órfãos, humilhados e discriminados pela vizinhança.
Quando voltamos a rever mamãe novamente, conhecemos mais dois irmãos e o marido novo.
Quanto a mim! Fui revoltado também, e chorava muito, pois me sentia uma pária na família, sentia raiva de minha mãe por nos abandonar, raiva do meu pai por morrer, e da madrasta por nos maltratar.
Demorei a compreender, mas cheguei a conclusão que tanto faz, como tanto fez, por isso não choro mais por causa da infância. Vieram a seguir outros choros, de alegrias, de ganhos, e outras perdas... Deve ser o preço que pagamos por viver muito mais. Hoje não sou mais jovem, aproveito o máximo os momentos de alegria e de amor, porque desde cedo percebi, que tudo passa tão rápido. E a vida nos engole, até o fim.
Somos passageiros então, e mesmo que, alguém ou ninguém se importem conosco, ainda assim temos uma vida para passar. A coisa da tal missão ainda não entendi, talvez seja o fato de que ao morrer viramos todos adubo para fertilizar a terra,
#Guerreiraxue
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