CAMINHO
Ela era uma mulher simples, vivendo uma vida simples. Uma branca nascida no coração da África e como tal, uma africana. Uma doutora que viveu bastante e que um dia, muito cansada, procurou o seu antigo mestre, um homem sábio que vivia no alto da montanha.
Há tempos vinha adiando essa subida íngreme, pois saiba que seria difícil, o que na adolescência era quase nada. E hoje enquanto subia, ia relembrando o passado. Tanta vivencia levava ela nos ombros. E as lágrimas eram inevitáveis, mas não eram lágrimas de pena, eram de emoção, porque houve vezes que parecia impossível. "Entre o que se perde e o que se ganha tudo tem valor."
Ao chegar-se para o velho que está sentado na entrada da caverna contemplando o horizonte. A mulher se senta também, e retoma fôlego. Ambos ficam em silêncio diante do mundo.
Ao chegar-se para o velho que está sentado na entrada da caverna contemplando o horizonte. A mulher se senta também, e retoma fôlego. Ambos ficam em silêncio diante do mundo.
"Porque esses sábios vivem em grandes alturas? Me perguntava enquanto subia. E quando aqui chego, entendo a resposta: Para que cheguemos aqui sem bagagem, deixando nossos pesos pelo trajeto."
O voo silencioso dos falcões é um grande espetáculo nesta hora. Ela quebra aquela calma, com muita suavidade.
— Mestre o que fazer quando não há mais caminho? — O sábio que pouco falava com alguém, encarou a mulher. — Porque tu queres saber aquilo que já sabes?— Mas eu não sei! Já tratei de tantas gentes, curei alguns, uns nasceram, outros morreram. Eu enfrentei algumas guerras, cuidei de conhecidos e estranhos, de amigos e inimigos. Casei-me, tive filhos, divorciei, tenho netos. Já fui agraciada por meus feitos, o que acho graça, porque só fiz o que devia fazer. Viajei pelo mundo, conheci outras culturas, outras terras, outros necessitados. Eu errei, e acertei. Acreditei e duvidei, mas te confesso que agora, eu não sei! Me diz mestre, o que fazer quando não há mais caminho?
Sem alterar a voz, o velho continua...
— Faz tanto tempo que não sou mais o teu mestre, e tu ainda insistes em perguntar quando sabes a resposta.
— A mulher reflete e logo diz. — Não tenho forças para seguir adiante... — Então não segue, então não segue.
— Só sei pensar no que fiz, no que deixei de fazer, no que ganhei e no que perdi. Não tenho mais para onde ir...
— Tens sim, pois viestes até aqui. — Vim por lembrar-me de tuas sábias palavras. Vim buscar o teu conforto, a tua benevolência comigo.— por um instante os olhos do velho faiscaram
— Pois de mim as tens mestra. — E o velho ermitão, que pouco enxergava, se ergue.
— Levante e olhe para a volta dos povoados lá embaixo mulher. Todas as pessoas que lá vivem, sabem quem tu é, e o que tu faz até hoje. A tua grandeza vai além do teu tamanho, pois tu abriu caminhos, com as tuas mãos que curam, caminhos que antes não existiam. Construístes pontes entre a África e o mundo. — E se agora tu não vê caminho para a frente, volta então, como voltastes aqui, depois de tantas décadas.
Com os olhos marejados a mulher compreende o que era óbvio, e então beija as mãos do seu velho mestre e se vai.
— Mestre o que fazer quando não há mais caminho? — O sábio que pouco falava com alguém, encarou a mulher. — Porque tu queres saber aquilo que já sabes?— Mas eu não sei! Já tratei de tantas gentes, curei alguns, uns nasceram, outros morreram. Eu enfrentei algumas guerras, cuidei de conhecidos e estranhos, de amigos e inimigos. Casei-me, tive filhos, divorciei, tenho netos. Já fui agraciada por meus feitos, o que acho graça, porque só fiz o que devia fazer. Viajei pelo mundo, conheci outras culturas, outras terras, outros necessitados. Eu errei, e acertei. Acreditei e duvidei, mas te confesso que agora, eu não sei! Me diz mestre, o que fazer quando não há mais caminho?
Sem alterar a voz, o velho continua...
— Faz tanto tempo que não sou mais o teu mestre, e tu ainda insistes em perguntar quando sabes a resposta.
— A mulher reflete e logo diz. — Não tenho forças para seguir adiante... — Então não segue, então não segue.
— Só sei pensar no que fiz, no que deixei de fazer, no que ganhei e no que perdi. Não tenho mais para onde ir...
— Tens sim, pois viestes até aqui. — Vim por lembrar-me de tuas sábias palavras. Vim buscar o teu conforto, a tua benevolência comigo.— por um instante os olhos do velho faiscaram
— Pois de mim as tens mestra. — E o velho ermitão, que pouco enxergava, se ergue.
— Levante e olhe para a volta dos povoados lá embaixo mulher. Todas as pessoas que lá vivem, sabem quem tu é, e o que tu faz até hoje. A tua grandeza vai além do teu tamanho, pois tu abriu caminhos, com as tuas mãos que curam, caminhos que antes não existiam. Construístes pontes entre a África e o mundo. — E se agora tu não vê caminho para a frente, volta então, como voltastes aqui, depois de tantas décadas.
Com os olhos marejados a mulher compreende o que era óbvio, e então beija as mãos do seu velho mestre e se vai.
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