SENTIMENTOS INEXPLICÁVEIS

Existem sentimentos inexplicáveis de convívio entre duas pessoas, que por mais que tentemos definir, ainda fica alguma coisa lá, grudada no intimo.

Paula não gosta muito de gente, diz que são difíceis de se lidar ou interagir, acho que é por isso ela tem a casa cheia de cães e gatos. O mais interessante é como ela conhece cada um pelo temperamento. E vive toda arranhada. Segundo ela os animais, de longe, mais autênticos que as pessoas.
Anita é a irmã de Paula, e a visita uma vez por semana para ajudar na limpeza semanal do animais. Banhos, tosas e cortação de unhas.


— Precisamos de mais algum para nos ajudar aqui Paulinha. Não damos conta , pois a cada semana você tem mais um ou dois bichanos, desse jeito vamos morrer enterradas em tanto pelo. — Mas eu só tenho uma irmã! — respondeu a outra — O que você sugere? — Sei lá, só sei que fico muito cansada de passarmos o dia todo aqui, nem almoçamos, nem saímos para um cinema, e amanhã é domingo e ficamos tão acabadas que mal aproveitamos o fim de semana. É muito filho Paula, e cada vez você tem mais. Já ouviste falara em controle da natalidade? — ambas riem — Eu fico com pena de vê-los abandonados, olhe para eles, são tão indefesos.
— São sim querida — diz a irmã comovida. Paula era uma daquelas criaturas que via o mundo dos bichos com afeto e não deixava nenhum passar a noite ao relento. Anita andava preocupada com a irmã, pois essa estava muito abatida ultimamente e para ficar doente, isso era um pulo.
— Na segunda feira vou te arrumar arrumar um ajudante. — Veja lá isso hein! Você sabe que sou chata com gente, e os bichos também não gostam de qualquer um. — Sei, deixe comigo.

Na semana seguinte, quando Anita chegou para a limpeza dos bichanos, qual não foi a surpresa quando se depara com um cheiro de café pela casa, mesa arrumada, casa limpa e os cães já prontos para começar a tosa.
Paula estava com a aparência descansada e conversava tranquilamente com o seu novo ajudante.
— Bom dia Paula e Julho. Vejo que se entenderam perfeitamente bem. — Disse sorrindo.
Paula estava calada como sempre, mas dessa vez era diferente. Seu sorriso mostrava satisfação, pois encontrara alguém que apreciava os animais tanto quanto ela.

#Guerreiraxue




























        Amapaense torna-se cuidadora de animais enquanto luta contra um câncer (Foto: Fabiana Figueiredo/G1)

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