ESTAÇÃO DA VIDA

"De repente me vejo em cenas atuais, muito do que fui em minha infancia pobre (mas rica de sonhos), como nessa estação".

Esperando o trem
numa estação de metro...

Passou a carroça
carregada com resquícios
dos meus tempos de gurí,
ganhando o pão
na contramão do coração;

Passou o velho, andarilho
Maltrapilho em seu exílio
na multidão,
em seu exílio de vida e sonho
e pão...

Passou o carro último tipo
levando um homem último tipo
estereótipo do vazio...

Passou a morte num funeral,
ia na frente com uma foice
ceifando gentes
e olhou sorrindo, piscou-me o olho...
(por que não ceifas pé de repolhos?);

Passou o piá
desmamado dos brinquedos
vendendo pastel,
vendendo a infancia,
vendendo pastel...
e um velho também ,
vendendo pastel,
(talvez o tempo se enganou
e pos presente e futuro
na mesma cena)...

E finalmente chegou o trem.
E era meu velho trem de lata,
trem de ilusões:
"quando eu crescer..."
"ser maquinista..."
"carregar gentes
pra tantos mundos,
tantos destinos
que vem e vão..."
(quanta ilusão!
Carregar gentes
se nem mesmo sei
pra onde vou...)

Edegar Garcia Torres do livro  Inventário de Poeta
http://escritoressemfronte.loja2.com.br/5819326-Inventario-de-Poeta




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