... E A VIDA SEGUE

Ele andava sempre ocupado com seus afazeres e não viu o tempo passar, não viu a vida passar.
Um dia passeando pela praia se sentia inquieto de tal maneira que não conseguia apreciar o cenário que tanto gostava... Não via os barcos lá no horizonte, nem as gaivotas que circulavam em busca de alimento. Hoje ele pensava qualquer coisa que o fazia sentir uma sutil comoção que não chegava a ser dramático, mas era triste.
Lembrava do filho caçula que estava se despedindo, para o doutorado na França. Agora ele estava só em casa, e não havia quem esperar para o jantar, ou partilhar o café da manhã. Será que a vida, daqui em diante seria como um deserto, povoado por velhas lembranças que animam o corpo cansado? 
Sempre fora muito seletivo com suas mulheres, e depois dos casamentos findos, agora não tinha nenhuma fazia tempo. Mudar esse estado de coisas, no momento parece bastante remoto.
E os pensamentos sucederam-se como uma enxurrada que arrasta o ser para a reflexão.
Talvez não existisse mais muita coisa para fazer ou viver.
E ele seguia pela trilha, onde outros andantes iam e vinham, e ninguém percebia suas lágrimas teimosas.
Ao chegar a grande pedra, ele senta-se, e deixa que a brisa suave se encarregue de secar seu rosto. 
Agora percebe o barco lá no Horizonte, as gaivotas voando ávidas por comida. 
...E a vida segue.

Guerreira Xue






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