O SAL DA TERRA
O meu coração é vermelho sim, todos são!
Quando era menina, os meus dias eram de sol, independente de chover ventar ou trovejar. Eu era iluminada!
E devia ser cega também, porque a única diferença que via nos outros era o tamanho o gênero e a cor da pele.
A maioria na minha escola eram brancos descendentes de alemães. Eu sempre tive essa tez de mestiça sabe! Os colegas da escola me olhavam feio, para dizer o mínimo, como se fosse para sentir culpa, acho. No fundo eu ficava triste. Só que havia alguém que compensava essas chatices, o Fabiano, que era para mim o sal da terra. Ele se ria muito quando eu falava assim. Nem eu entendia direito o significado, mas me fazia imaginar algo sagrado.
A gente brincava muito e falava aquelas bobagens de criança.
Eu não sabia que o meu amigo passava fome, que o pai dele tinha sido preso, que a mãe quando bebia o espancava.
Um dia do nada, Fabiano simplesmente desapareceu, sumiu da escola, se foi... Me lembro que chorei muito, foi como se tivessem me arrancado um braço.
Claro que segui a vida, mas o meu sol apagou-se um pouco com sua partida.
Meus pais se divorciaram, a minha mãe teve câncer e veio logo a falecer. Ainda garota, fui viver com minha avó materna. Um dia, eu já era uma moça feita, fui levá-la ao banco para receber sua aposentadoria . O caixa me olhou e, perguntou meu nome. Era o Fabiano! A emoção de vê-lo ali, me trouxe a infância de volta num estalo. Trocamos telefone e fiquei de ligar.
A noite eu liguei, e conversamos muito. Agora era assunto de adultos. O pai de Fabiano os tinha abandonado e a mãe, sem condições de cria-lo, levou-o para uma instituição de menores. Passou por alguns lares adotivos até poder trabalhar e se sustentar. Estagiava no banco, para concluir o curso de economia. Antes de desligar combinamos um jantar no fim de semana.
Fiquei pensando, não sei se lamento termos crescido, porque eu tinha as minhas dores, mas pouco se comparava com as de Fabiano.
Todo mundo devia ter boa infância. Porque nosso coração é vermelho sim, todos são!
Pintura de Roos Repro
Quando era menina, os meus dias eram de sol, independente de chover ventar ou trovejar. Eu era iluminada!
E devia ser cega também, porque a única diferença que via nos outros era o tamanho o gênero e a cor da pele.
A maioria na minha escola eram brancos descendentes de alemães. Eu sempre tive essa tez de mestiça sabe! Os colegas da escola me olhavam feio, para dizer o mínimo, como se fosse para sentir culpa, acho. No fundo eu ficava triste. Só que havia alguém que compensava essas chatices, o Fabiano, que era para mim o sal da terra. Ele se ria muito quando eu falava assim. Nem eu entendia direito o significado, mas me fazia imaginar algo sagrado.
A gente brincava muito e falava aquelas bobagens de criança.
Eu não sabia que o meu amigo passava fome, que o pai dele tinha sido preso, que a mãe quando bebia o espancava.
Um dia do nada, Fabiano simplesmente desapareceu, sumiu da escola, se foi... Me lembro que chorei muito, foi como se tivessem me arrancado um braço.
Claro que segui a vida, mas o meu sol apagou-se um pouco com sua partida.
Meus pais se divorciaram, a minha mãe teve câncer e veio logo a falecer. Ainda garota, fui viver com minha avó materna. Um dia, eu já era uma moça feita, fui levá-la ao banco para receber sua aposentadoria . O caixa me olhou e, perguntou meu nome. Era o Fabiano! A emoção de vê-lo ali, me trouxe a infância de volta num estalo. Trocamos telefone e fiquei de ligar.
A noite eu liguei, e conversamos muito. Agora era assunto de adultos. O pai de Fabiano os tinha abandonado e a mãe, sem condições de cria-lo, levou-o para uma instituição de menores. Passou por alguns lares adotivos até poder trabalhar e se sustentar. Estagiava no banco, para concluir o curso de economia. Antes de desligar combinamos um jantar no fim de semana.
Fiquei pensando, não sei se lamento termos crescido, porque eu tinha as minhas dores, mas pouco se comparava com as de Fabiano.
Todo mundo devia ter boa infância. Porque nosso coração é vermelho sim, todos são!
@guerreiraxue
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