PROCURA-SE UM AMOR

— Quer que o anúncio tenha mesmo este título?
— Quero sim, faz favor.
Evandro trabalhava naquela revista de classificados há alguns anos, e publicava muita coisa doida, mas este anúncio era no mínimo, estranho.
"Quero um homem que me queira. E não precisa ser rico. ou com muito dinheiro. Não importa que seja velho, viúvo, divorciado ou solteiro.
Quero um homem que goste de dançar, que se sinta bem e que goste de conversar.
Quero um homem que me queira, e que me faça também o querer. Alguém que não seja bonito, mas que tenha uma boa aparência, Que tenha algum senso de humor, e principalmente, muita paciência.
Se alguém com estes requisitos quiser me contactar, espero amanha as 16:00 no coreto em frente a igreja .Só para o caso de alguém me querer, sou a moça que usa muletas. Com uma flor nos cabelos."
— Quer que ponha seu telefone?
— Só meu nome, faz favor. Aparecida.
Evandro murmurou o preço e combinaram o depósito, o anúncio sairia em dois dias.
Passou-se alguns dias e estava Evandro distraído, quando levanta os olhos, e se depara com Aparecida.
— Pois não!— Muito séria a moça responde.
— Quero fazer um anúncio, faz favor.
E Aparecida repetiu o mesmo anúncio:
"Quero um homem que me queira... Sou a moça que usa muletas, com uma flor no cabelo."
Evandro redigiu o anúncio, cobrou, e ela se foi. O jornal novamente foi publicado dois dias depois.
Evandro morava só, e folheava a nova edição enquanto aquecia seu jantar, e deparando com o anuncio de Aparecida, perguntava-se: "Será que alguém vai encontra-la"? "Que besteira isso!!Quem liga?"
Sim...Ninguém ligava, e Aparecida esperava por quase 2 horas no coreto da praça.
Um mês depois...Novamente Aparecida estava lá.
Evandro ficou feliz de não estar na mesa do atendimento, e quando voltou seu colega Valdir atendia a moça.
Quando o anuncio saiu, ele reparou uma mudança
"Quero um homem que me queira..." Era tudo quase igual, ( até esta parte) Sou a moça com a flor no cabelo. O anúncio não mencionava as muletas.
Ela não usava mais muletas, "será"?
Aquele coreto da praça era perto da repartição. Levado por um impulso Evandro saiu mais cedo neste dia, e foi até a tal praça.
Não foi difícil reconhece-la... Ela tinha uma flor no cabelo, como no anuncio, e um livro nas mãos.
Sem saber como e por que, Evandro se aproxima, pede licença e senta-se a seu lado.
A moça olha para ele sorrindo e pergunta calmamente. — O senhor veio pelo anúncio?
— Não! Quero dizer, sim. — E respirando fundo ele continua...
— Foi sim, de que outro jeito eu viria? Fiquei curioso, pois você vem fazendo estes anúncios querendo um namorado. Eu queria saber se alguém aparecia. Nunca aparece ninguém? Quero dizer, você usava muletas antes, e agora não mais?
— Ninguém apareceu até hoje. — Responde ela calmamente. — Eu usei muletas porque sofri um acidente tem três anos, e agora meu tempo delas terminou. Queria festejar as minhas pernas boas...Com alguém que me visse e gostasse de mim, mesmo de muletas.
— Deixa eu adivinhar, você queria ir dançar. — Sim...
Ficam calados por alguns instantes...
— Podemos fazer o seguinte. — Diz Evandro.
— Vamos sair então, que você acha? Faz tempo que não danço. Alias, nem lembro de um dia ter dançado. — E os dois se riram...
— Eu aceito, pois venho sonhando com uma dança faz tempo.
Evandro achou aquele sorriso encantador.
— Ai ai...Estamos pulando algumas etapas aqui. Deixe que me apresente, faz favor.
E estende a mão dizendo.
— Evandro Santos, muito prazer.
— O meu você já sabe, é Aparecida Nogueira, muito prazer.
— Agora que já nos apresentamos. diga a hora e local para eu poder pega-la para dançarmos. Ficarei honrado em acompanha-la.
E Aparecida e Evandro foram dançar e jantar...Naquela noite e nas muitas que se seguiram depois.

#Guerreiraxue                      

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