UNS E OUTROS

A igualdade é algo que os humanos nunca irão admitir. Um dia vamos todos morrer, mas até lá, vamos nos empoar de dignidade sendo melhor que alguns, igual a outros, e bem pior que outros. Às vezes tu dizes que é alguém, para alguém que se acha muito, e todos concordam então, todos ficam bem, até esse alguém se ofender e lançar suas verdades ao mundo. Diz aí, a vingança reside na verdade? Não claro que não, as pessoas concordam para não perder a amizade e quando perdem discordam, é simples!

Certa feita meu marido me apresentou a um amigo dele, um médico que era também professor de idiomas e que tinha se formado em Oxford, um intelectual de estirpe, um londrino com uma família abastada óbvio. Disse-lhe que era escritora e que tinha livros publicados, tenho leitores, portanto sou uma escritora. O moço pareceu entusiasmado, pois disse que sua mãe também era jornalista e também tinha escrito livros. Enfim, alguém com educação esmerada e requintada. Ficamos amigos.

Saliento que, a maneira como cada indivíduo vê o mundo, difere muito no resultado do próprio pensar. Podemos ler os mesmos livros e nunca pensaremos igual. Sinceramente, eu nunca encarei os livros como uma conclusão intransferível, salvo se fosse doutrinada para isso. Aprendi que questionar é muito importante. E nunca pensaremos igual, ou talvez sim, e as pessoas tem o direito de pensar diferentes, e exercerem tal direito.

Morei com meus avós no Rio Grande do Sul e eu sempre via meu avô fazer piadas de negros com seus amigos, que eram negros, e todos davam muitas risadas. Eu era a mais velha e via aquilo com naturalidade, afinal eram amigos. Mas os meus irmãos não achavam que era brincadeira, e foi uma surpresa perceber que ao crescerem tornaram-se racistas. Claro que meu avô não foi responsável por isso, mas contribuiu bastante.

Mas voltando ao doutor, amigo do meu marido, um dia nos desentendemos por alguma razão e o moço se zangou comigo e disparou logo que eu era metida a escritora que isso e que aquilo, uma sem noção e outras coisinhas mais. Fiquei admirada, porque antes me elogiou tanto e agora acabava com a minha pose. Deixei que dissesse tudo de uma vez, porque aquilo devia estar inflamando o fígado do sujeito há tempos.

Só para concluir o caso, o doutor disse-me muita merda, mas uma delas bateu fundo em mim. Eu tenho muito que melhorar na escrita, e vou mesmo, porque aprendo sempre. E o doutor, esse vai seguir a vidinha besta dele.

#Guerreiraxue

 

 

 

 

 

 

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